Cosmópolis, palavra que une dois vocábulos gregos
(cosmos, universo, e polis, cidade).

Os ‘caminhos de Goiases’, uma extensão de trilhas criadas por Bandeirantes do ‘Planalto de Piratininga’, entre as vilas de ‘Jundiahy’ e ‘Moji-Mirim’, originaram em seus percursos o surgimento de áreas de pouso e descanso aos exploradores. O ‘Caminho de Goiases’, também conhecido como ‘Picada de Goiás’, está entre as primeiras estradas imperiais criadas no Brasil, em função da descoberta do ouro e pedras preciosas no sertão de Goiás e Minas Gerais.

Uma extensão aberta nas matas, pelas bandeiras do Capitão Fernão de Camargo (o Jaguaretê), marcaria a povoação da região conhecida como ‘Campinas de Mato Grosso’.
Entre os anos de 1721 e 1730, os constantes desbravamentos buscando novos caminhos para os atuais estados de Goiás e Mato Grosso, originaram à futura Vila de São Carlos, então pertencente a Jundiaí, e mais tarde, a cidade de Campinas, oficialmente inaugurada em 14 de julho de 1774.

A exploração das terras campineiras conhecidas como Fundão, marcariam o nascimento de Cosmópolis, nos primeiros anos de emancipação da Vila de São Carlos, desbravadas pela Bandeira do Capitão Francisco Barreto Leme do Prado, em 1779.

A ampliação das Sesmarias pela Coroa portuguesa, fim do século 17 e início do século 18, atraiu para região campineira fazendeiros de diversas províncias paulistas, assim como capitalistas das ‘Minas Gerais’. O intuito do sistema de Sesmarias, era estimular as produções de cana de açúcar, principal produto brasileiro na época, conhecido como primeiro ‘ouro verde’ de São Paulo.

Quando o titular da Sesmaria não iniciava as produções dentro dos prazos estabelecidos, seu direito de posse poderia ser cassado pela Coroa.

As novas sesmarias, atraiam fazendeiros buscando grandes extensões de terras, para o cultivo de cana de açúcar e construções de engenhos, onde seriam beneficiados os produtos para as comercializações no mercado nacional e internacional, utilizando-se exclusivamente de mão de obra escrava.

Impulsionados pelo sistema de Sesmarias, os fazendeiros começaram as colonizações das terras, derrubando matas e formando canaviais.

Com o fim do sistema de Sesmaria, em 1822, as áreas desbravadas começaram a ser vendidas pelos antigos fazendeiros. Surgia um novo processo de colonização nas terras, mudando os sistemas agrícolas com a introdução do café, segundo ouro verde paulista, e a criação dos primeiros núcleos coloniais de trabalhadores livres, formados por imigrantes europeus.

A ampliação das lavouras trazia um novo ciclo de desenvolvimento na região, e o surgimento de grandes produtores de café, com destaque entre as várias propriedades agrícolas, para a Fazenda Funil, então uma das maiores propriedades agrícolas da região.

As terras, pertencentes à família do Padre João Manuel de Almeida Barboza, conquistaram notoriedade pela qualidade do solo, e principalmente, pelas grandes extensões de plantações de café e cana de açúcar. Nas terras da Fazenda do Funil, surgirá oficialmente a Vila de Cosmópolis.

Em 1889 e 1890, constantes epidemias de febre amarela assolaram Campinas, trazendo investidores para a região da Fazenda Funil, dispostos a criarem uma nova Campinas nas terras. O então herdeiro da Fazenda, Coronel João Manuel de Almeida Barboza, decide vender as terras para um grupo de investidores, entrando como membro dos novos empreendimentos.

O grupo visava criar colônias agrícolas nas terras, destinadas a imigrantes europeus, em uma parceria firmada entre os governos federal e estadual, com os países de origem dos trabalhadores.

Para o escoamento das produções agrícolas, surge um projeto que mudaria totalmente os caminhos da região, recriando uma nova história nas terras.

Em 1892, o então presidente da Câmara de Campinas e investidor do grupo, Cel. José Paulino Nogueira Ferraz, autorizava o município a contrair empréstimos para financiar a construção e ampliação de uma estrada de ferro, a ‘Carril Agrícola Funilense’, que fora fundada oficialmente em 24 de julho de 1890.

A base principal do empréstimo público, era a importância do escoamento das produções agrícolas de toda a região, principalmente da imensa área pertencente à Fazenda Funil.

O grupo era formado por pessoas de destaque na política e agricultura, possuindo membros como José Paulino Nogueira e irmãos, Barão Geraldo Ribeiro de Souza Rezende, Dr. Moraes Sales, Cel. Silva Telles, Cel. João Batista de Souza Aranha, João Manuel de Almeida Barboza, Francisco de Paulo Camargo; entre outros cujos esforços permitiram a continuação dos trabalhos de construção das vias férreas e criação dos primeiros núcleos coloniais.

Com o desígnio de intensificar as produções, em 1896, a Câmara Municipal de Campinas, oficializa um projeto propendendo a formação de uma colônia suíça, onde futuramente seria a cidade de Cosmópolis.

Mas, por problemas climáticos e de adaptabilidade humana, poucas famílias ficaram nas terras. Abre-se a oportunidade para outros povos, como austríacos, alemães, poloneses, espanhóis e italianos.

Inicialmente, a imigração alemã foi responsável pela detenção de grande parte das terras destinadas aos projetos agrícolas, sendo membros de destaque na criação do Núcleo Colonial Campos Salles.

As margens dos trilhos da Carril Funilense, surge o primeiro povoado, localizado nas terras que originaram a atual Avenida Ester, antigo acesso à casa principal da Fazenda do Funil, e complexo industrial da Usina Ester.

Com o crescimento do povoado, a localidade começa a receber várias denominações dos seus moradores, como ‘Campos das Palmeiras’ (início da colonização das terras do Funil, idos dos anos de 1880, alusão às vastas palmeiras indaiás) e ‘Burgo’ (antiga referência usada pelos Bandeirantes para designar Vilas, comumente incorporada pelos germânicos nos anos de 1890).

A inauguração oficial da Estação da Funilense, em novembro de 1898, batiza o terminal como ‘Barão Geraldo de Rezende’, estendendo-se a nomeação ao povoado.

A nomeação seria uma homenagem ao capitalista Geraldo Ribeiro de Sousa Resende, primeiro e único Barão Geraldo de Resende e de Iporanga, então presidente da Carril Agrícola Funilense, porém a nomeação não persiste, devido uma homenagem ao capitalista em outra estação, localizada no atual distrito campineiro que possui seu nome.

A diversidade de imigrantes de várias nacionalidades, reunidos em núcleos coloniais e arredores das linhas da Funilense, resultou na nomeação do povoado em Cosmópolis.

O nome deriva da junção das palavras gregas, Cosmo (Universo), e Polis (cidade), significando na sua tradução ao português, o universo em cidade, ou cidade universo, como popularizou-se.

A origem exata da nomeação Cosmópolis à vila, é incerta sobre o ano e autor, presume-se que tenha recebido a denominação pelos empreendedores da família Nogueira, novos proprietários da Fazenda Funil, e fundadores da Usina Esther, em 02 de março de 1898.

A família Nogueira, na pessoa do Major Arthur Nogueira, estava à frente dos processos de loteamento agrícola e urbano das terras do Funil, criando com apoio do governo estadual, os primeiros núcleos coloniais, setores urbanos, agrícolas e industriais.

Em 1905, a nomeação da Estação como Barão Geraldo passa à Fazenda Santa Genebra, e a estação da Funilense é rebatizada de ‘Cosmópolis’, oficializando o nome de “Villa Cosmópolis”.

Em 27 de Novembro de 1906, é criado o Distrito de Cosmópolis, subordinado à Campinas. Neste período, Cosmópolis é marcada pelo constante crescimento das produções industriais e agrícolas, principalmente de cana de açúcar e algodão, e o estabelecimento de comércios, prestadores de serviços, e pequenas indústrias têxteis, gerando um gigantesco progresso na localidade.

Em 30 de Novembro de 1944, é criado oficialmente o município de Cosmópolis, graças a uma junta popular emancipadora, que desde o fim dos anos de 1930, iniciou os processos de emancipação política e administrativa da cidade de Campinas. A emancipação passa a vigorar a partir de 1º de janeiro de 1945, quando o município é instalado através de uma cerimônia cívica de posse dos primeiros prefeito e vice.

Fundação oficial de Cosmópolis

O dia 17/01/1901, é oficializado como o marco de criação do projeto urbano cosmopolense. A data é uma correção histórica, formalizada após anos de estudos e pesquisas para a criação do livro ‘Cosmópolis de fazenda Funil à cidade universo’, apresentado ao legislativo municipal pelo historiador Mano Fromberg.

Os estudos documentais têm como base principal, regimentada como certidão de nascimento de Cosmópolis, a planta de criação e loteamento da ‘Villa Cosmópolis’, registrada em 17/01/1901, projeto da sociedade agrícola e empreendimentos ‘Arthur Nogueira & Cia’.

A planta urbana dos lotes da Fazenda Funil, regulamentada e aprovada pela Prefeitura de Campinas, é o primeiro registro oficial das terras com o nome Cosmópolis, a qual somente tornou-se distrito de paz em 1906.

Aprovada pela Câmara Municipal e oficializada como lei nº 3.116, em 04/05/2009, a data foi instituída como o “Dia da fundação de Cosmópolis”. A lei estabelece como fundadores de Cosmópolis os responsáveis pela criação da “Villa”, loteamento e desbravamento das terras, o Cel. José Paulino Nogueira Ferraz, Major Arthur Nogueira Ferraz, Sidrack Nogueira Ferraz, Cel. Antônio Carlos da Silva Telles e Paulo de Almeida Nogueira.

Anteriormente, a data oficial de fundação era 04/01/1896, supostamente o marco de criação do Núcleo Colonial Campos Salles, então instituído como lei municipal nº 2.198.

Com as pesquisas do livro, sustentadas historicamente pelos documentos da Câmara Municipal de Campinas, Acervo Público de São Paulo, dentre diários e registros da família Nogueira, proprietários das terras, foi comprovado que o núcleo oficialmente surgiu em 04/12/1897.

Para a instituição da fundação de Cosmópolis, desde a emancipação política e administrativa em 1944, várias datas passaram pelos estudos da Câmara de Cosmópolis; como a fundação da Fazenda Funil, em fevereiro de 1830, início das obras da Carril Agrícola Funilense, em 1890, inauguração da estação ferroviária da Funilense, em 1899, ao marco de compra das terras do Funil, em 1898, para construção da Usina Ester.